sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cidade Maravilhosa

Num momento dramático como este que o estado do Rio de Janeiro atravessa, uma pergunta deve ser feita para que as autoridades respondam: onde estão policiais militares, bombeiros, guardas municipais? A gente certamente encontrará alguns trabalhando na busca de sobreviventes ou corpos de vítimas, outros poderão estar organizando o trânsito ainda caótico, muitos podem estar trabalhando no policiamento ostensivo... Mas, infelizmente, muitos outros, apesar das demandas urgentes da sociedade, estão fazendo seus “bicos”. Conforme noticiado ontem, alguns, talvez cinco deles, faziam a segurança do bicheiro cujo filho morreu num atentado, ao voltar da academia de ginástica. Não deveriam estar todos de prontidão? Trabalhando pelo Estado e pela população que paga seus salários? Ou terão sido eles liberados por seus superiores? Ou será que seus superiores também estão envolvidos com os bicos?
Neste momento em que se discutem verbas perdidas pelo Estado – essas que foram para o estado da Bahia, levadas pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, agora candidato a governador, e apelidado de percevejo de gabinete pelo presidente Itamar Franco, segundo Ancelmo Góes, os recursos dos royalties do petróleo, magnanimamente distribuídas país afora pelo anão Ibsen – é importante que se atente para a herança deixada à cidade-estado pela ex-capital da república. Além de uma população enorme, algumas estruturas superpostas incham seu corpo e atrapalham seu funcionamento. Como exemplo, temos a estrutura de saúde, onde se misturam órgãos federais, estaduais e municipais, gerando enormes buracos negros, terras de ninguém, como aquele que virou motivo de chacota por ocasião da primeira epidemia de dengue no estado: discutia-se, na época, se o mosquito era federal estadual ou municipal, já que um órgão empurrava a responsabilidade para outro enquanto os mosquitos se multiplicavam. Outra herança pesada é por que e para que temos um enorme contingente de militares, talvez o maior do país, se aqui eles estudam, treinam, ensaiam, mas pouco fazem pela cidade. Viramos rota do tráfico internacional de drogas, temos extensas áreas dominadas pelo crime organizado e uma quantidade enorme de militares se exercitando para “defender a Pátria”, enquanto tudo isso acontece perigosamente ao seu lado.
Será que não chegou a hora do Rio de Janeiro mostrar a sua cara? Realmente mostrar que não que ser reconhecido somente por sua beleza? O que podemos fazer para interferir em nosso destino? Quantas catástrofes, quantas chacinas, quantos dramas nossa população ainda vai ter que viver mais para merecer o respeito que merece? Ou será que o Rio de Janeiro está fadado a ser visto como uma moça bela, porém fútil e por isso desprezada? O que falta para sermos realmente protagonistas de nosso destino? Não sei qual e nem se existe uma fórmula exata mas, certamente, não será com governantes engolindo sapos barbudos só para mostrar uma duvidosa parceria com o governo federal...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Pandemia, pandemômio, tragédia.

Anunciada ou não, foi e está sendo uma tragédia. Muita gente morta, maior ainda o número de desabrigados e a sensação desalentadora de que as coisas estão fora do controle. Tirando a orientação do prefeito, “fiquem em casa” (pois o espaço público não é seguro, faltou dizer a novidade), o que se viu foi uma amostra do caos. Aliás, com perdão dos trocadilhos numa hora dessas, quem tinha uma casa segura, tinha um cais. E o mesmo prefeito (que deu a orientação perfeita) criticou - mas renovou - o contrato com a fundação Cacique Cobra Coral, que teria o poder de controlar as chuvas na cidade. Só que não acolheu as recomendações da instituição e demorou a pedir ajuda: “não adianta sermos convocados com o caos já instalado”, explica Osmar Santos, relações públicas da fundação. Resultado? Não deu pra fundação ajudar e tivemos essa calamidade cheia de dores e dramas e mortes. Mas me pergunto, porque uma instituição espírita precisaria do chamado do prefeito para ajudar? Será que não bastam as preces de milhares de cidadãos crentes que diariamente fazem suas orações pedindo aos céus que tragam paz e proteção para o mundo? Tem que ter o pedido de um alcaide? O cacique só atende autoridade? Será uma síndrome de chefe até nas esferas espirituais?
O governador, que na tragédia do início do ano só apareceu doze horas depois - e, mesmo assim, com a cara bem inchada – dessa vez não demorou a se pronunciar. E, pra variar um pouco a melodia, culpou os pobres, que moram em área de risco. E disse que o Estado tem que ser duro e tirar toda a população que mora nessas áreas. E eu me pergunto, o vizinho do Eike Batista, no Humaitá, que construiu sua mansão na beira do morro e foi responsável por um rio de lama que inundou o bairro no dia da chuva? Vai ser removido? Ou ele financiou a campanha de algum político e vão descobrir que sua casa fica abaixo da cota não sei qual e, então, construir ali, “pode”, como diria a cínica personagem do programa humorístico... O mesmo governador só faltou esfregar as mãos ao falar da ajuda que o governo federal dará ao Estado para ajudar na reconstrução. E autoridades municipais da área de obras e infra-estrutura, afinadas, referem já terem acordadas diversas ações de limpeza de bueiros, contenção de encostas e reconstrução de vias urbanas, inclusive com empreiteiras acertadas, sem licitação, pois o regime de urgência assim o permite.
O mesmo regime de urgência permitiu ao governo federal comprar milhões de doses de Tamiflu, o antiviral com ação contra o vírus H1N1, da gripe suína, e de doses da controversa vacina que agora está sendo oferecida à população. E então, recebo todo dia uma série de mensagens me perguntando: “devo tomar a vacina ou não?” Porque será que as pessoas ainda não se decidiram? A resposta é uma só: falta credibilidade às autoridades. Ninguém acredita na maior parte dos políticos e, mesmo os técnicos do governo, como deveria ser o caso do ministro da saúde, têm suas recomendações questionadas. É que os interesses subterrâneos são tantos, os caixas dois, três e outros são tão escancarados, que todo mundo desconfia. E isso acontece aqui e também na Europa. Afinal, porque os europeus, maciçamente, rejeitaram a vacina se ela foi disponibilizada para a população pelas autoridades sanitárias da União Européia? Serão eles desinformados? Será porque há muitos analfabetos por lá, ou terão eles “saúde de vaca premiada”, como diria o grande tricolor Nelson Rodrigues, e não precisam se vacinar? Se a Organização Mundial de Saúde recomendou, porque a população rejeita?
Vivemos uma crise moral, ética e as pessoas não são tolas: em termos de planeta, terremotos, tsunamis, secas e enchentes nos assolam e assustam cotidianamente. A tão antiga fome – não falo do sentir, que todos sentimos, falo do passar, que só quem viveu pode saber a sua dimensão de desumanidade – persevera, como se não fosse simples resolvê-la. O consumo crescente ameaça, mas os que têm demais, sequer cogitam abrir mão... E o que fazer? Não sei... Queria saber e poder dizer, mas, além de tudo, voltou a chover e isto me desanima tanto que não fico a fim de falar ou escrever mais nada...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Falando de insetos...

A inauguração deste blog foi o extravasamento da emoção que vivi ao ver uma formiga carregando uma flor. Ainda estão lá na primeira postagem as palavras desse momento. Mas ontem, cuidando do meu pequeno jardim, me vi às voltas com umas formiguinhas terríveis que volta e meia se arvoram a comer minhas plantas. A vítima da vez foi o pé de hortelã. Logo ele que tem fama de espantar vermes e outros monstros do nosso microscópico submundo... Há umas semanas foi um pé de manjericão que, de tão frondoso, já rendera inúmeras mudas para visitantes que o admiraram. Tive que podá-lo em tal extensão que ficou pelado. Nem uma folhinha ficou pra contar a história e, do tronco e galhos que restaram, até agora não brotou nenhum verdinho.
Lembrei do Policarpo Quaresma – criação do genial Lima Barreto - mais um de meus heróis assaltado pela loucura. Policarpo também sofreu nas garras das saúvas e teve inúmeras plantas suas devoradas por elas. Não posso botar veneno nas minhas porque senão, não dá pra comer depois. Então, é sabão diluído, pimenta com fumo de rolo e outras receitas, muitas vezes fedorentas, pra tentar espantá-las. Aliás, matá-las! Exterminá-las seria melhor... e definitivamente, sem deixar uma sequer solitária andando a esmo por aí.
Essa noite, acordei às 3 ou 4 da manhã, com mosquitos me picando. Só que agora, estou armado: comprei uma raquete dessas chinesas que vendem nos sinais pra matar esses bichinhos. Resultado? Cinco mosquitos mortos sem acender a luz do quarto. Só dando raquetadas pra lá e pra cá e ouvindo aqueles estalinhos deliciosos da eletrocução dos famigerados. Essa evolução tecnológica foi pra mim mais importante do que a simulação do big bang. Afinal, acho que não muda muita coisa nas minhas crenças não! A Criação não pode ser mesmo espontânea, tem um Gigante aí por trás, todo poderoso, mas bondoso, ao contrário do que me contavam na escola. Generoso e cúmplice, brincalhão e, pensando bem agora, tricolor. De coração. Por que não, mesmo que seja só pra não escapar da rima? É, e tão sagaz, que botou no mundo esses seres abomináveis, não por causa da cadeia alimentar, porque isso é teoria da evolução e estou falando aqui de outra coisa. Mas fez isso porque não queria que o Homem ficasse muito besta; então, Ele criou os mosquitos e as formigas. Ah, e pras mulheres não se sentirem totalmente poderosas, senhoras do céu e da terra, Ele criou as baratas: francesas, brasileiras, voadoras, cascudas, de vários tipos. E fez também a TPM, que acaba quando vem a menopausa... Mas agora me perdi... Eu tava falando de aranha???