terça-feira, 12 de outubro de 2010

CÓLICAS MENSTRUAIS


Para nós, homens, cólicas menstruais são uma enorme escuridão. Como tudo que diz respeito às nossas desejadas e insondáveis divas – por mais que tentemos penetrar em suas entranhas e mesmo tendo delas vindo à luz –, o assunto é mais um mistério desses poderosos seres que, apesar de sangrarem todos os meses, não morrem disso e ainda nos desafiam com sua diferença em nosso cotidiano.

Freud falou de uma suposta inveja do pênis, o que foi contestado genialmente por uma delas, referindo uma inveja não do pênis e sim do sistema hidráulico. Mas ele não apontou em momento algum a ambiguidade dos sentimentos, que vão da inocente-infantil- quase-platônica admiração ao ardente desejo de homem diante desses seres que, além de serem fartos mananciais potenciais de prazer, trazem dentro de si verdadeiros ninhos onde nutrem, literalmente com seu sangue, os filhotes. E continuam fazendo-o, já depois deles nascidos, com seus peitos, independente do tamanho que tenham!

Então, a partir de uma dúvida postada no sítio Mulheres de opinião, desejei expor algumas reflexões minhas sobre o assunto, após obter resposta positiva à minha pergunta “vocês aceitam palpite de hômi?”.

Em primeiro lugar, há cólicas de dois tipos: a secundária, menos comum, que é devida a doenças do útero, do sistema reprodutor, ou glandular, entre outros e a primária, mais comum, que ocorre principalmente na mulher jovem e que não teve filhos, e geralmente melhora com pílulas anticoncepcionais. Isto porque a pílula inibe a ovulação e todo mês as mulheres em idade fértil preparam uma “pelezinha” na parte interna do seu útero, o seu endométrio, que é como um ninho onde o futuro embrião, no caso de uma gravidez, vai ficar por cerca de 40 semanas. É lá, nesse ninho, que o embrião vai virar um serzinho de meio metro de comprimento e uns 3 quilos de peso! E ele chega a esse tamanho todo se nutrindo através dessa “pelezinha”, do endométrio, que é por onde ele se liga ao corpo da mãe e por onde passa o sangue dela para ele ao longo de todo este período.

A cólica menstrual é a contração do útero, um músculo fortíssimo, tentando expulsar o endométrio que não foi utilizado naquele ciclo, já que o óvulo liberado no período não foi fecundado. Então, ele descama pra que o útero comece a se preparar para uma gravidez no ciclo seguinte!

É que as mulheres – assim como nossa mãe Terra - durante a sua vida fértil, praticamente todo mês se preparam para uma gravidez. Com a descamação, a parede do útero sangra e esses tecidos se acumulam no colo do útero, que é um canal mais apertado por onde sai o fluxo menstrual. A cólica é a contração do útero para expulsar esses tecidos. Tudo para que comece a seguir o processo de renovação para uma outra possível gravidez.

A menstruação é, portanto, a manifestação física de que não ocorreu uma gravidez. Muitas vezes na vida ela é um momento de alegria por significar que uma possível gravidez indesejada não aconteceu. Assim como pode ser um momento de enorme tristeza por significar que uma gestação ansiada não se realizou. Mas o importante com relação à menstruação é que ela é a manifestação de que a gravidez não aconteceu e aquele óvulo não cumpriu o seu destino de encontrar um espermatozóide e se fazer vida. É quase como a frustração do óvulo...

Ainda com relação às cólicas, tem umas em que a dor é por bloqueio do sangue; nesses casos, vale a pena fazer exercício, movimento, usar alimentos que aquecem o organismo (como o chá de canela que também esquenta), pra ajudar a sair o sangue com os restos de endométrio. Já outras são nevrálgicas, por acometimento dos nervos locais. Aí, só o calor local pode ajudar. E, um outro fator que pode influenciar é a posição. Isto porque, dependendo da disposição do útero (se com o colo, que é a sua saída, voltado pra frente, pra trás, mais pra baixo ou virado meio pra cima...), pode ser mais fácil a eliminação desse conteúdo quando deitada de bruços, de lado, de barriga pra cima, etc... Afinal, cada caso é um caso!
Com relação a medicamentos que podem aliviar, há mulheres que melhoram com o velho elixir paregórico (40 gotas até 3 x dia) ou o também idoso Atroveran, na mesma dosagem;   o óleo de Prímula pode ser benéfico, na dose de 1,5 grama 2 x dia; além do chazinho de canela, já citado acima, vale experimentar o de camomila. Se nada disso melhorar, o analgésico favorito de 9 entre 10 mulheres com cólicas é o ácido mefenâmico, cujo nome comercial é Ponstan, na dose de 500 mg de 8/8 horas.
No mais, posso dizer que, tanto a menstruação, como as cólicas menstruais desses seres desconhecidos que habitam o nosso planeta, nossos corações e nossos pensamentos são mais umas de suas esquisitices.
Palavra de homem!