terça-feira, 24 de abril de 2012


Volto aqui a escrever encantado por uma mulher que vê da sua janela eucaliptos. Não os mesmos que, quando menina, adornavam seus passeios. Mas são eles, de certa forma, os mesmos, mesmo que a janela não seja. E que mesmo a menina já tenha agora os olhos despertados pelos encontros, desencontros, pela maternidade e pela realidade inevitável e incompreensível da morte. Ela fala do tempo que passa e do peito vazio cheia de clareza e certeza. Diz tudo com muita beleza! Como é que consegue encontrar palavras tão bonitas e simples que vão se juntando e formando canções, mesmo que esteja escuro e o silêncio seja tonitruante... (Ela faz palavras como essa serem naturais como o trovão. E riscarem o nosso peito como um raio de luz).
Nela inspirado, escrevi, mesmo que envergonhado pela timidez diante de sua poesia:
“O tempo continua seu tropelante caminhar pela vida...  O espaço pra acolher encolhe... O outro, que buscamos no tempo ansiosamente e no espaço angustiadamente, nunca nos atende por inteiro. Será que só a transcendência talvez nos livre desses dois implacáveis opressores e nos deixe simplesmente amar?   
Ou haverá um outro tão a mim afeito que me deixe enfim, em paz adormecer?”