Num momento dramático como este que o estado do Rio de Janeiro atravessa, uma pergunta deve ser feita para que as autoridades respondam: onde estão policiais militares, bombeiros, guardas municipais? A gente certamente encontrará alguns trabalhando na busca de sobreviventes ou corpos de vítimas, outros poderão estar organizando o trânsito ainda caótico, muitos podem estar trabalhando no policiamento ostensivo... Mas, infelizmente, muitos outros, apesar das demandas urgentes da sociedade, estão fazendo seus “bicos”. Conforme noticiado ontem, alguns, talvez cinco deles, faziam a segurança do bicheiro cujo filho morreu num atentado, ao voltar da academia de ginástica. Não deveriam estar todos de prontidão? Trabalhando pelo Estado e pela população que paga seus salários? Ou terão sido eles liberados por seus superiores? Ou será que seus superiores também estão envolvidos com os bicos?
Neste momento em que se discutem verbas perdidas pelo Estado – essas que foram para o estado da Bahia, levadas pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, agora candidato a governador, e apelidado de percevejo de gabinete pelo presidente Itamar Franco, segundo Ancelmo Góes, os recursos dos royalties do petróleo, magnanimamente distribuídas país afora pelo anão Ibsen – é importante que se atente para a herança deixada à cidade-estado pela ex-capital da república. Além de uma população enorme, algumas estruturas superpostas incham seu corpo e atrapalham seu funcionamento. Como exemplo, temos a estrutura de saúde, onde se misturam órgãos federais, estaduais e municipais, gerando enormes buracos negros, terras de ninguém, como aquele que virou motivo de chacota por ocasião da primeira epidemia de dengue no estado: discutia-se, na época, se o mosquito era federal estadual ou municipal, já que um órgão empurrava a responsabilidade para outro enquanto os mosquitos se multiplicavam. Outra herança pesada é por que e para que temos um enorme contingente de militares, talvez o maior do país, se aqui eles estudam, treinam, ensaiam, mas pouco fazem pela cidade. Viramos rota do tráfico internacional de drogas, temos extensas áreas dominadas pelo crime organizado e uma quantidade enorme de militares se exercitando para “defender a Pátria”, enquanto tudo isso acontece perigosamente ao seu lado.
Será que não chegou a hora do Rio de Janeiro mostrar a sua cara? Realmente mostrar que não que ser reconhecido somente por sua beleza? O que podemos fazer para interferir em nosso destino? Quantas catástrofes, quantas chacinas, quantos dramas nossa população ainda vai ter que viver mais para merecer o respeito que merece? Ou será que o Rio de Janeiro está fadado a ser visto como uma moça bela, porém fútil e por isso desprezada? O que falta para sermos realmente protagonistas de nosso destino? Não sei qual e nem se existe uma fórmula exata mas, certamente, não será com governantes engolindo sapos barbudos só para mostrar uma duvidosa parceria com o governo federal...
sexta-feira, 9 de abril de 2010
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Henrique, pensei em uma maneira de falar e homenagear a todos que tanto vêm me incentivando com o carinho e apoio que me doam.
ResponderExcluirEscrevi uma crônica pensando em nós blogueiros. Falei sobre o que penso ser o blog para nós. Você pode concordar ou discordar; pode também acrescentar; mas não deixe de opinar. Leia e entenderá por que a sua opinião é indispensável para mim e para todos blogueiros.
Abraço do Jefhcardoso do http://jefhcardoso.blogspot.com
Henrique Peixoto, quero dizer que Itamar mandou bem, “percevejo de gabinete” é uma gracinha. (com o som da voz da Ebe). Amigo, os bicos são o de menos. Há coisas piores que alguns fazem em suas horas vagas. Vivemos uma situação perversa. Vivemos a insegurança pública crescente, a indignação latente, e a esperança regenerativa. Viva a esperança regenerativa! Ótimo texto de protesto. Sua consciência política é invejável, amigo. (sorrio). Abraço do Jefhcardoso que ficou muito feliz com o seu generoso comentário em meu blog.
ResponderExcluirContinuemos, amigo. Continuemos.