Recentemente, Fernando Henrique Cardoso, reunido com outros ex-presidentes do continente, propôs a reabertura da discussão sobre a legalização ou descriminalização das drogas. Salvo engano, FHC fumou e não tragou, como Clinton. Já o Obama, parece que tragou e, li outro dia, até cheirou. E chegou onde chegou... Bem mais longe do que o ex-fallecido Collor que pegava mais pesado: não só preferia drogas das mais pesadas como, segundo o falecido e X9 irmão, também unia o útil ao que o agradava e usava a droga administrada como supositório, talvez para preservar seu bem dotado nariz, ou então por afinidade ou gosto! Seu reinado não podia dar certo mesmo, e era muito estranho ver aquele avião do seu cúmplice PC Farias, o “Morcego Negro”, entrando e saindo do país carregado sabe-se lá de que... Incomodou tanto que até os mais de 300 picaretas citados à época pelo atual presidente Lula resolveram acabar com a(s) festa(s) na casa da Dinda.
Mas a verdade é que a discussão é bem-vinda. E como tudo tem dois lados, pelo menos, as argumentações de ambos, defensores e detratores, são justificáveis. Teoricamente, a grana fabulosa que o tráfico movimenta deixaria de servir à corrupção e à compra de armas, podendo ser usada pelos equipamentos de saúde no tratamento dos usuários. Diversos estudos feitos onde houve a descriminalização mostram que não houve aumento do consumo. Minha sensação é de que poder comprar um baseadinho na farmácia vai dar um ar menos grave ao uso das drogas e, por outro lado, quem conhece algum dependente químico sem recursos para se tratar sabe que, sem muito dinheiro, o sujeito está condenado ao sofrimento crônico ou somente largará o vício se o substituir por uma fé cega dessas forjadas nas igrejas neo-pentecostais. Com a descriminalização, esses recursos poderiam ser usados no tratamento dos doentes. Mas, conhecendo nosso país, nossos políticos, sabemos que tudo pode acontecer com o dinheiro público. Imaginem se o imposto arrecadado com as drogas, em vez de ir para os cofres do Ministério da Saúde, for deslocado para cobrir o rombo da Previdência. Ou mesmo, se for para a Saúde, imaginem o dinheiro sendo realocado em cirurgias de alta complexidade, como transplantes ou procedimentos sofisticados que atenderiam especialmente a uma elite privilegiada que tivesse acesso a eles... Indo parar nas meias e cuecas de deputados... Outra questão preocupante é a situação dos policiais. Como farão os nossos mal pagos homens da lei, que já se acostumaram com os recursos da corrupção advindos? E os verdadeiros grandes traficantes, residentes na orla da zona sul do Rio de Janeiro, com casas de veraneio no sul da Bahia e a mixaria nas ilhas Cayman, como resistirão?
Há várias questões a serem respondidas: mas o que não pode realmente continuar é esse processo de entupimento cada vez maior de nossos tribunais e cadeias, ambos já superlotados, com pessoas doentes ou que usam drogas recreativamente, como tantos ex-presidentes da nossa e de outras repúblicas já o fizeram.