sexta-feira, 28 de junho de 2013

Drama



...e nesse desespero
rasgo meu peito
te arranco de dentro
e junto contigo
os sonhos e o desejo,
tudo que me embalou
tanto tempo.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

sonho partido



me sinto triste e vazio
e dói.

mas descubro nos escombros
por onde anda minha alma
que esse vazio não é saudade
de alguém.

de ninguém me assola
a lembrança hoje.

o vazio que me enche
é do sonho que,
quando algo em mim
se quebrou,
me deixou.

sábado, 18 de maio de 2013

Frio na janela, na cama, na alma


Sou friorento e os dias frios me atacam,
me sinto frágil quando esfria,
como se fosse na alma o frio que sinto  
e acho que por isso sou friorento...
é, tenho a alma pouco aquecida,
em algum tempo ela foi esquecida
por um tempo e ficou assim
temente ao frio e aos ventos, 
mesmo os sem uivos...
O vidro da janela é pedra de gelo,
e a chuva que vejo lá fora
frias agulhas que caem
e me mandam fugir,
me enrolar em mim,
em minha cama, também fria,
e como minha alma,
também vazia... 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Saias e varais



Fascinam-me desde sempre os varais,
a desajeitada harmonia
dos tamanhos das peças,
a diversidade das cores
e a serenidade dos brancos...
As supostas intimidades expostas
em calcinhas, saias revoantes,
fraldas, pijamas, camisolas
e os lençóis que lavados escondem
despudoradamente as marcas do amor.

Até hoje lembro quando vi
da primeira vez o vento
soprando as roupas de um varal:
uma colorida saia bailava e revelava
o corpo fêmeo que ali não estava.

Até hoje sonho com o avesso
De saias, coloridas ou não,
Transparentes ou não,
Tremulando o tecido ou a carne...

Só que hoje, elas escondem
e desvendam tua fenda,
escondem a nascente, a grota
e sugerem o relevo de tua linda frente,
assim como teu verso, que de tão belo ou mais,
traz às vezes o que é de trás à frente,
fazendo dele mais que um verso,
quase de Drummond um poema.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

SONHO MEU




A verdade é que te espero
a qualquer momento,
em cada esquina,
como se estivesses escondida
e me fosses surpreender:
dar um beijo não esperado                                             ¨                                          
e dizer as palavras: “te amo...
terna, eterna e somente a você”.
Nesse instante, eu desperto do sonho
e choro, com o rosto colado ao teu peito, 
deitado em teu ombro e sussurro 
“meu amor”, “meu eterno único amor”!

A solidão nossa

Ora, eu sei que os passarinhos falam
quando cantam a plenos pulmões
nas primaveras seu incontrolável desejo
de acasalar...
ou como os bezerros mugem lamuriosamente
seu medo de estar só...
e penso que até mesmo os mosquitos,
quando brincam de avionar nossos ouvidos
estão em busca de seus pares encontrar.

Mas nós somos diferentes:
damos nomes aos objetos em nosso redor
brincando de ordenar o universo,
seu caos e coisas,
e damos nomes até às cores
de indizíveis sensações!
É, damos nomes às emoções,
que sequer sentimos, vemos ou sabemos...

Porém nesse jogo de todo poderoso deus
ainda somos uma fração ínfima da Vida,
como bezerros, passarinhos ou mosquitos
gritando contra a solidão.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

A menina do avesso


Ela desde cedo aprendera a brincar de oposto.
Ninguém lhe ensinara,
foi sendo um menino que descobriu.
Daí que seguiu sendo sempre o outro lado.
Então conseguia ver as cores que havia escondidas
e os sons que não eram cantados.
Foi crescendo e começou a se desvestir pra ir pra rua:
mostrava sua nudez só pra brincar com os desejos
pois sabia que o que lhe era de dentro
ninguém teria.
Guardado pela castidade imposta
e pela honra desolada
seu coração o tempo todo brincava,
assim como rebola a lagarta
por necessidade ou facilidade.
E ela seguia pisando nos cacos que construía
pois que era só quebrando que ela sabia.