Finalmente! Depois de tanta injustiça, a verdade ressurgiu. Acho que todos temos um compromisso com ela, seja ela o que for. Na verdade, verdade e realidade dependem do sujeito, como a beleza do olhar. Já disse o poeta Djavan:
“...isso eu já não posso esquecer,
porque não foi só visão, o coração sentiu...”
Daí que a verdade é de cada um, como o céu é das andorinhas no verão. E a aporrinhação de mais um céu nublado nesse verão da zona de convergência do Atlântico é o combustível que me faz sentar pra escrever num sábado de manhã.
Mas, vamos ao que interessa: o ovo foi absolvido!!! A Ciência, hoje sábia como todo coração, absolveu o ovo. Ele não faz mal pra saúde dos humanos, felizmente! Não aumenta de maneira significativa o colesterol, como essa mesma Ciência sentenciava até anteontem... Aliás, é um alimento tão poderoso, tão rico em vitaminas e outras maravilhosas microscópicas substâncias - sabe-se agora - que quase pode ser considerado imprescindível a uma boa saúde. Em vez daqueles magros dois ovos por semana (na chapa, óbvio, pra não piorar as coisas), podemos consumir até um por dia, sem culpa. Assim, o sonho de dois ovos estrelados (embora eu prefira chamá-los, como dizia em criança, estalados) sendo comidos lentamente, pode realizar-se, bastando para isso não comer nenhum na véspera. É simples: primeiro a clara, é claro, circundando a gema com o garfo, com maestria e precisão cirúrgicas para deixá-la completamente nua. Retirado o véu da noiva, finalmente a protagonista: como um sol, miolo de margarida despetalada num bem-me-quer, mal-me-quer terminado em bem-me-quer, ela. Antigamente considerada um poço de colesterol ruim, depósito de lixo entupidor de artérias, a agora finalmente redimida gema ressurge triunfal. “Não sou malvada como disseram durante tanto tempo”, diria ela. “Não penso em processar ninguém por perdas materiais. Mas numa ação por danos morais, eu vou pensar seriamente. Depois de consultar advogados amigos (se é que se pode acreditar nisso), eu vou resolver. Afinal, só eu sei o que passei nesses anos todos: a exclusão, o abandono, a maledicência... Em momento algum se pensou que de mim brotavam vidas... Eu não poderia ser tão ruim assim”! Assim como a manteiga, banida por tanto tempo e substituída pelas insuportáveis e arrogantes margarinas pretensamente saudáveis, até que a Ciência despertasse, agora o ovo volta à mesa. E com classe: “alimento quase completo”!
Enquanto escrevo, me lembro o tempo todo do meu pai: ele comia misturadas a gema e a clara. Mas o final era apoteótico: o miolo do pão francês esfregado no prato pousava dourado na sua boca, que demorava o tempo preciso para engolir, findando o prazer. E isso se repetia várias vezes, até o prato ficar tão limpo, que dava pra acreditar ter sido lavado. E meu pai comia sempre de dois em dois. Dizia que só um não satisfazia. Outras vezes, comia – sempre dois – ovos esparramados no arroz branco. Mas sempre tinha um miolo de pão branco para os acordes finais. Até quando era um bife à cavalo que, aliás, é um lindo nome prum bife!
Mas a questão é a seguinte: quem foram os cientistas que condenaram o ovo? E a manteiga (lembro de minha vó Dolores batendo a nata do leite pra fazer a manteiga mais gostosa que já comi), quem a exilou de nossas vidas por tanto tempo, substituindo-a pela plástica margarina? Não terá sido isso um crime contra a humanidade? Que interesses econômicos estarão por trás desses sábios cientistas que nos guiam para a escuridão? Precisamos, sim, acreditar menos na Ciência e mais em nossos corações; em nossas tradições, em nossa história e sermos muito críticos com as estórias que nos contam a Ciência e todos os que estão no poder.
Convido, por isso, todo mundo a comer um (podem ser dois) ovo frito com pão francês, a se lambuzar de gema e lamber os lábios sem culpa, inocente como criança.
“...isso eu já não posso esquecer,
porque não foi só visão, o coração sentiu...”
Daí que a verdade é de cada um, como o céu é das andorinhas no verão. E a aporrinhação de mais um céu nublado nesse verão da zona de convergência do Atlântico é o combustível que me faz sentar pra escrever num sábado de manhã.
Mas, vamos ao que interessa: o ovo foi absolvido!!! A Ciência, hoje sábia como todo coração, absolveu o ovo. Ele não faz mal pra saúde dos humanos, felizmente! Não aumenta de maneira significativa o colesterol, como essa mesma Ciência sentenciava até anteontem... Aliás, é um alimento tão poderoso, tão rico em vitaminas e outras maravilhosas microscópicas substâncias - sabe-se agora - que quase pode ser considerado imprescindível a uma boa saúde. Em vez daqueles magros dois ovos por semana (na chapa, óbvio, pra não piorar as coisas), podemos consumir até um por dia, sem culpa. Assim, o sonho de dois ovos estrelados (embora eu prefira chamá-los, como dizia em criança, estalados) sendo comidos lentamente, pode realizar-se, bastando para isso não comer nenhum na véspera. É simples: primeiro a clara, é claro, circundando a gema com o garfo, com maestria e precisão cirúrgicas para deixá-la completamente nua. Retirado o véu da noiva, finalmente a protagonista: como um sol, miolo de margarida despetalada num bem-me-quer, mal-me-quer terminado em bem-me-quer, ela. Antigamente considerada um poço de colesterol ruim, depósito de lixo entupidor de artérias, a agora finalmente redimida gema ressurge triunfal. “Não sou malvada como disseram durante tanto tempo”, diria ela. “Não penso em processar ninguém por perdas materiais. Mas numa ação por danos morais, eu vou pensar seriamente. Depois de consultar advogados amigos (se é que se pode acreditar nisso), eu vou resolver. Afinal, só eu sei o que passei nesses anos todos: a exclusão, o abandono, a maledicência... Em momento algum se pensou que de mim brotavam vidas... Eu não poderia ser tão ruim assim”! Assim como a manteiga, banida por tanto tempo e substituída pelas insuportáveis e arrogantes margarinas pretensamente saudáveis, até que a Ciência despertasse, agora o ovo volta à mesa. E com classe: “alimento quase completo”!
Enquanto escrevo, me lembro o tempo todo do meu pai: ele comia misturadas a gema e a clara. Mas o final era apoteótico: o miolo do pão francês esfregado no prato pousava dourado na sua boca, que demorava o tempo preciso para engolir, findando o prazer. E isso se repetia várias vezes, até o prato ficar tão limpo, que dava pra acreditar ter sido lavado. E meu pai comia sempre de dois em dois. Dizia que só um não satisfazia. Outras vezes, comia – sempre dois – ovos esparramados no arroz branco. Mas sempre tinha um miolo de pão branco para os acordes finais. Até quando era um bife à cavalo que, aliás, é um lindo nome prum bife!
Mas a questão é a seguinte: quem foram os cientistas que condenaram o ovo? E a manteiga (lembro de minha vó Dolores batendo a nata do leite pra fazer a manteiga mais gostosa que já comi), quem a exilou de nossas vidas por tanto tempo, substituindo-a pela plástica margarina? Não terá sido isso um crime contra a humanidade? Que interesses econômicos estarão por trás desses sábios cientistas que nos guiam para a escuridão? Precisamos, sim, acreditar menos na Ciência e mais em nossos corações; em nossas tradições, em nossa história e sermos muito críticos com as estórias que nos contam a Ciência e todos os que estão no poder.
Convido, por isso, todo mundo a comer um (podem ser dois) ovo frito com pão francês, a se lambuzar de gema e lamber os lábios sem culpa, inocente como criança.
Depois de comentar com mamãe sobre "o ovo redimido" ela disse: "viu, por isso não acredito no que esses caras dizem e como tudo o que gosto!" E talvez aí, meu irmão, esteja o único segredo que aprendemos tanto com papai, quanto com mamãe:viver e amar o que gostamos...
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