quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Saias e varais



Fascinam-me desde sempre os varais,
a desajeitada harmonia
dos tamanhos das peças,
a diversidade das cores
e a serenidade dos brancos...
As supostas intimidades expostas
em calcinhas, saias revoantes,
fraldas, pijamas, camisolas
e os lençóis que lavados escondem
despudoradamente as marcas do amor.

Até hoje lembro quando vi
da primeira vez o vento
soprando as roupas de um varal:
uma colorida saia bailava e revelava
o corpo fêmeo que ali não estava.

Até hoje sonho com o avesso
De saias, coloridas ou não,
Transparentes ou não,
Tremulando o tecido ou a carne...

Só que hoje, elas escondem
e desvendam tua fenda,
escondem a nascente, a grota
e sugerem o relevo de tua linda frente,
assim como teu verso, que de tão belo ou mais,
traz às vezes o que é de trás à frente,
fazendo dele mais que um verso,
quase de Drummond um poema.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

SONHO MEU




A verdade é que te espero
a qualquer momento,
em cada esquina,
como se estivesses escondida
e me fosses surpreender:
dar um beijo não esperado                                             ¨                                          
e dizer as palavras: “te amo...
terna, eterna e somente a você”.
Nesse instante, eu desperto do sonho
e choro, com o rosto colado ao teu peito, 
deitado em teu ombro e sussurro 
“meu amor”, “meu eterno único amor”!

A solidão nossa

Ora, eu sei que os passarinhos falam
quando cantam a plenos pulmões
nas primaveras seu incontrolável desejo
de acasalar...
ou como os bezerros mugem lamuriosamente
seu medo de estar só...
e penso que até mesmo os mosquitos,
quando brincam de avionar nossos ouvidos
estão em busca de seus pares encontrar.

Mas nós somos diferentes:
damos nomes aos objetos em nosso redor
brincando de ordenar o universo,
seu caos e coisas,
e damos nomes até às cores
de indizíveis sensações!
É, damos nomes às emoções,
que sequer sentimos, vemos ou sabemos...

Porém nesse jogo de todo poderoso deus
ainda somos uma fração ínfima da Vida,
como bezerros, passarinhos ou mosquitos
gritando contra a solidão.