quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Saias e varais



Fascinam-me desde sempre os varais,
a desajeitada harmonia
dos tamanhos das peças,
a diversidade das cores
e a serenidade dos brancos...
As supostas intimidades expostas
em calcinhas, saias revoantes,
fraldas, pijamas, camisolas
e os lençóis que lavados escondem
despudoradamente as marcas do amor.

Até hoje lembro quando vi
da primeira vez o vento
soprando as roupas de um varal:
uma colorida saia bailava e revelava
o corpo fêmeo que ali não estava.

Até hoje sonho com o avesso
De saias, coloridas ou não,
Transparentes ou não,
Tremulando o tecido ou a carne...

Só que hoje, elas escondem
e desvendam tua fenda,
escondem a nascente, a grota
e sugerem o relevo de tua linda frente,
assim como teu verso, que de tão belo ou mais,
traz às vezes o que é de trás à frente,
fazendo dele mais que um verso,
quase de Drummond um poema.


Um comentário:

  1. ahh... Drummond... como ler dos teus varais sem pensar em :

    'as coisas tangíveis
    tornam-se insensíveis
    à palma da mão

    as coisas findas
    muito mais que lindas,
    essas ficarão...'

    Escreves lindamente, Henrique, mas isso, acho que já disse...

    bj

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