Volto aqui a escrever encantado
por uma mulher que vê da sua janela eucaliptos. Não os mesmos que, quando
menina, adornavam seus passeios. Mas são eles, de certa forma, os mesmos, mesmo
que a janela não seja. E que mesmo a menina já tenha agora os olhos despertados
pelos encontros, desencontros, pela maternidade e pela realidade inevitável e incompreensível da morte. Ela
fala do tempo que passa e do peito vazio cheia de clareza e certeza. Diz tudo com muita beleza!
Como é que consegue encontrar palavras tão bonitas e simples que vão se
juntando e formando canções, mesmo que esteja escuro e o silêncio seja tonitruante...
(Ela faz palavras como essa serem naturais como o trovão. E riscarem o nosso
peito como um raio de luz).
Nela inspirado, escrevi, mesmo
que envergonhado pela timidez diante de sua poesia:
“O tempo continua seu tropelante caminhar pela vida... O espaço pra acolher encolhe... O outro, que
buscamos no tempo ansiosamente e no espaço angustiadamente, nunca nos atende
por inteiro. Será que só a transcendência talvez nos livre desses dois implacáveis
opressores e nos deixe simplesmente amar?
Ou haverá um outro tão a mim afeito que me deixe enfim, em
paz adormecer?”
Henrique,
ResponderExcluirtalvez você me ajude a entender como faço para mensurar esses “ganhos” ? Sim, porque saber que volta a escrever movido por um encantamento é “ganho” precioso, desses que enchem o “peito vazio”... E, se mensurar não for possível, porque sabemos que não é, talvez então me ajude a absorver esse instante... porque é disso que somos feitos, dessas doces alegrias !
obrigada pela delicadeza. muito. mesmo.
ah, e você escreve lindamente...
beijo.