A Marcia não conseguiu ver a foto da Dina no meu orkut. Descobri que o álbum estava aberto só para os amigos. E a Marcia não é minha amiga... No orkut. Ela não tem , aí pega carona no dos filhos. É quase uma fantasma orkutiana. Fica lá voyeurando... Diz que não quer se expor, por isso não tem. Aí, não é minha amiga, então tenho que abrir o álbum em que está a foto da Dina para que ela a veja. Interessante essa pós-modernidade: blogs, orkut, amigos, etc. Li no jornal de hoje que a Casa Branca vai ter blog... A exposição e a intimidade se confrontam a todo instante em nossas vidas, meu perfil está pregado no poste, como resultado do jogo do bicho.
A Dina foi uma cachorra especial. Quem a conheceu sabe disso. Boêmia, adorava uma cerveja e cantar! Era namoradeira, e foi mãe generosa e devotada. Teve mais de 20 belos filhotes espalhados pela cidade. Grande protetora, foi uma verdadeira anja (anjo tem sexo, sim) da guarda numa época em que eu desconhecia a morte e, por isso, não ligava pra gastar as vidas que tinha. O fato de ela cantar facilitava bastante sua vida boêmia: era muito fácil arrumar uma carninha, um osso ou um ovo cozido, sua comida favorita. Ela o descascava com os dentes, prendendo-o com a pata. Depois o comia em duas mordidas. Antes, era só cantar um pouco. Qualquer balconista ou dono de bar ficava embasbacado e liberava a comida. Eu apontava o ovo, dizendo que ela o descascava, provocando uma dúvida reticente, já que era uma cachorra que cantava...
Ela era uma pointer, perdigueira, caçadora de perdizes, não podia ver um galinheiro que era encrenca na certa. Os pombos também a encantavam, mas não tanto. Tinha pedigree, apesar de eu nunca tê-la registrado, pois era caro. Seu nome oficial, nos documentos, era Afrodith of Tranquility (seu pai, Arthur of Tranquility, havia sido campeão e foi seu primeiro namorado, num rumoroso caso de incesto, quando ela ainda tinha oito meses). Mas sua alma era de vira-lata e deixou a nobreza de lado para conhecer o mundo real. Não dava pra chamá-la de Afrodite, apesar do seu pendor para as paixões e o amor (ela teve um amor duradouro, o Flight, em cuja companhia ficava radiante sempre), então lhe dei o nome de Dina, homenagem à mãe, não sei se verdadeira ou adotiva, do Gonzaguinha, citada em algumas de suas músicas.
Dina era nome de vira-lata e foi pensando nela e em mim que escrevi
Alma de vira-lata
Perambulo por aí,
bato pernas a esmo, passeio,
as ruas são minhas,
os cantos, as tocas,
recantos e encantos
da cidade são meus.
Nenhum muro me cerca,
nenhum olhar me vigia
nenhum senhor me dirige,
Minha alma livre
me anima e me leva:
sou dono do tempo
e o vento sou eu.
Alma de vira-lata,
ama o instante,
navega nas nuvens,
segue seu rumo torto,
voa,
a pressa, carrega no bolso,
a paz, no coração...
A Dina foi uma cachorra especial. Quem a conheceu sabe disso. Boêmia, adorava uma cerveja e cantar! Era namoradeira, e foi mãe generosa e devotada. Teve mais de 20 belos filhotes espalhados pela cidade. Grande protetora, foi uma verdadeira anja (anjo tem sexo, sim) da guarda numa época em que eu desconhecia a morte e, por isso, não ligava pra gastar as vidas que tinha. O fato de ela cantar facilitava bastante sua vida boêmia: era muito fácil arrumar uma carninha, um osso ou um ovo cozido, sua comida favorita. Ela o descascava com os dentes, prendendo-o com a pata. Depois o comia em duas mordidas. Antes, era só cantar um pouco. Qualquer balconista ou dono de bar ficava embasbacado e liberava a comida. Eu apontava o ovo, dizendo que ela o descascava, provocando uma dúvida reticente, já que era uma cachorra que cantava...
Ela era uma pointer, perdigueira, caçadora de perdizes, não podia ver um galinheiro que era encrenca na certa. Os pombos também a encantavam, mas não tanto. Tinha pedigree, apesar de eu nunca tê-la registrado, pois era caro. Seu nome oficial, nos documentos, era Afrodith of Tranquility (seu pai, Arthur of Tranquility, havia sido campeão e foi seu primeiro namorado, num rumoroso caso de incesto, quando ela ainda tinha oito meses). Mas sua alma era de vira-lata e deixou a nobreza de lado para conhecer o mundo real. Não dava pra chamá-la de Afrodite, apesar do seu pendor para as paixões e o amor (ela teve um amor duradouro, o Flight, em cuja companhia ficava radiante sempre), então lhe dei o nome de Dina, homenagem à mãe, não sei se verdadeira ou adotiva, do Gonzaguinha, citada em algumas de suas músicas.
Dina era nome de vira-lata e foi pensando nela e em mim que escrevi
Alma de vira-lata
Perambulo por aí,
bato pernas a esmo, passeio,
as ruas são minhas,
os cantos, as tocas,
recantos e encantos
da cidade são meus.
Nenhum muro me cerca,
nenhum olhar me vigia
nenhum senhor me dirige,
Minha alma livre
me anima e me leva:
sou dono do tempo
e o vento sou eu.
Alma de vira-lata,
ama o instante,
navega nas nuvens,
segue seu rumo torto,
voa,
a pressa, carrega no bolso,
a paz, no coração...