sábado, 17 de janeiro de 2009

Há um tempo, atendi no consultório um conhecido escritor. Sofria de uma crônica angústia. Quando chegava um certo dia da semana, ele começava a sentir medo de não conseguir escrever sua crônica semanal a tempo de enviá-la aos jornais. Ele nunca deixou de fazê-lo, mas sempre sofria achando que não ia conseguir. Agora, desde que inventei essa história de blog, comecei a me cobrar escrever alguma coisa. E aí, me lembrei dele e sua crônica angústia com relação à crônica... Só que eu não tenho obrigação com o tempo (crônica, substantivo ou adjetivo, penso hoje pela primeira vez, tem a ver com cronos). Mas percebi que, ao criar o blog, pensei num espaço pra escrever minhas incertezas. Não pensei no tempo. E agora, estou pensando: tenho que ter alguma regularidade para postar um material? Que compromisso tenho com quem vai ler? Quem vai ler? Devo fidelidade aos leitores? Responsabilidades, cobranças, culpas, ninguém estuda em colégio de padre e sai incólume...
Está resolvido que só vou postar alguma coisa quando achar que presta e que tem a ver com o compromisso que tenho comigo, com a minha vida. Quero a beleza, o aprimoramento, a solidariedade, coisas assim. E no mais, vou escrevendo quando me der na telha (telha como cabeça é muito bom!). Ou no coração.
Hoje, de manhã fui pescar. Nada. Só o Nino que pescou um carapicu. (O corretor ortográfico sinaliza em vermelho carapicu. Fui ver sua sugestão de correção: cárpico!!! Que ignorância. É claro que ele não conhece o Tupi, mas mandar uma proparoxítona dessas....). Fui pro Google (estou sem dicionário em casa e no computador...) e descobri: akará pukú è cará = peixe de escamas e picu (pucu) = comprido. Então, foi isso que o Nino pescou: um peixe de escamas comprido...
Não sei como, de peixe fui pra perereca e daí, resolvi deixar por aqui uma poesia que fiz pra uma delas, verdinha, que encontrei dia desses perdida numa chuvarada...



A PERERECA ATÔNITA

Descida na enxurrada,
sem querer nada
ou quase nada,
encontro na calçada
uma perereca atônita.

De um ímpar verde, quase par
com as folhas mais juvenis,
lhe assustam os passos,
o cimento, os carros.
E se pergunta:
“onde eu vim parar?”,
enquanto quem passa,
se espanta ou se encanta
com sua cor, sua forma típica,
seu aspecto singular.

4 comentários:

  1. Vá escrevendo... Ninguém escreve pq quer. Escrever é só um modo elaborado de silêncio? Sei lá.. Continue escrevendo.

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  2. hehehehe tá mto legal tudo. to amando ver vc.
    bjus

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  3. Meu irmão, lendo vc me encanto de novo com a magia que nos faz capazes do sentimento e da sua expressão quando as palavras se assumem poesia pura. Neófita em blogs, só agora me dou conta de que meus comentários anteriores não existiram porque eu não era cadastrada. Virei gente grande e fiz conta do google só pra falar no seu blog! Beijos

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